enquanto ela dança
seus cabelos se bangunçam,
transtornam meus sentidos
suas pernas se enroscam em meus desejos
seus risos me coram o olho
enquanto ela se balança
cantando sorrindo jorge ben
ela espanta os males da minha solidão
espanta os ocres versos dos meus poemas
condena os meus risos todos ao seu rodopiar
enquanto ela dança
os meus medos se amorenam em seu olhar fugidio
e a batucada vem dominar a minha taquicardia
e me enrubreço pele a dentro
me reconheço verso afora
remetendo-lhe todas as minhas rimas repetidas
alcanço seu leve cansaço
desfaço os nós de suas possíveis crises
ameaço suas agonias sem que ela saiba
sem que caiba a minha vida em sua história
e os meus dedos se confundem na beleza que eu queria versar
os meus delírios se espantam e se arremeçam
as minhas certezas se embaraçaram
enquanto o meu blues vira batucada
enquanto ela revira todas as minhas vontades
a girar...
*