23 julho 2011

Você, a sua maneira, a seu tempo
respira quase todos os meus desejos e parênteses
transpira o açúcar dos nossos dias bons,
costura as pontas dos dias ruins,
fazendo um lençol de estrelas sob os nossos corpos leves.

Você, pelos cantos da nossa casa sem paredes,
assovia as canções que só minha pele sabe ouvir
exala todas as primaveras num só olhar a vaguear por aí
a seu ritmo, em seu tom,
escancara todas as janelas, desconstrói o meu vocabulário
me inunda de reticências.

Você, agridoce e anuviado,
embebeda a minha razão, bagunça as minhas dores
e, confundindo a minha solidão,
faz com que minhas letras, trôpegas, componham versos sem palavras
com tanta beleza e verdade, sou muda

quero apenas sentir a vida em nós
sei apenas respirar esses vãos
fotografar sua voz

quero apenas isso
os meus desejos e parênteses no seu suspiro
o nosso açúcar
as primaveras e as desconstruções
as reticências
os nossos risos e nuvens
a vontade de estar.