14 junho 2009

paixão


que ela um dia possa revelar-se

consumir-se...

que ela não se vista com a angústia de olhos escondidos

que ela não seja o remoer das vontades e memórias antes do sono

que não mais seja suja, um dia...

que ela, que nos estremece e tortura,

possa ser linda por fora como nos é por dentro

e que as palavras possam acontecer

e que os olhos possam se cruzar sem olhares ao redor a nos punir

que os poetas a possam cantar

que as palhetas a possam colorir

que não seja um sorriso amarrado na lágrima

que possamos ser destinatários e remetentes

das cartas e confissões hoje ocultas e caladas

que seja ela um lugar com janelas e redes

e não um porão escondido

que a minha pele possa corar diante dela

e que todo o meu sistema nervoso possa enlouquecer

que os meus versos possam rebuscar suas beleza

sem suas cores e aromas

sem que me pareça, o dia, um caminhar errante

que ela deixe de ser fraqueza

que deixe de ser fantasma

que ela seja um grito a declarar as delícias de viver

que seja um riso pleno, sem pátria e sem nome

que possa ser o que é.


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Um comentário:

  1. Lotário Mariano Domingos.18 de janeiro de 2013 às 13:36

    Que ela permita-me que o meu desterro seja eterno.

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