14 fevereiro 2010


Chegaste
E, de repente, diante teu olhar pierrot
Mergulhei em todas as minhas agonias e desejos
Como quem redescobre cada espaço, cada emoção, cada palavra
Num mundo que, adormecido, já não poderia se recompor
Sorri por dentro, simplesmente por estar ali
A contemplar...

Fervi embriagada e escondida, a querer,
Nos confins de tuas noites bailarinas, ser sonho
Ser pavor, calor, poesia desenfreada
E rasgando todos os meus dias e planos vieste, manso,
Fazendo-me o coração inchar, romper com o mundo,
Tragando os meus minutos e canções
Cujos ritmos e rimas tentaram desvendar teu caminhar

Eu, sem perdão, sou total entrega
À correnteza controversa de sua pele e sua voz
Às estranhezas de teu silêncio e música
À tua sede de tudo...

Como um céu que fica verde, lilás, vermelho
E as cortinas, junto aos poros, que se abrem, arrepiando
No anseio por todos os transtornos e deleites
Nas revoluções a me alucinar os nervos e ossos
No agonizar das lembranças poucas
No absorver de tudo ao redor a decorar uma nova percepção
E em tudo o que se pode envenenar
Com as sinestesias da paixão.

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