30 março 2010

sem nome nem nada


Veio leve
solta
morena de sol e som
Veio envolta em ar que desconheço
descalça e tardia de razões
sem propósitos, sem grandes planos, sem mistérios

Trouxe em sua pele tons pastéis e sons sutis
em seus pelos substâncias inéditas que me contaminaram
falou da música que ouvira repetidamente no rádio distraída sem perceber
falou da delicadeza com que o sorriso da criança que via toda semana a fez sentir prazer por estar ali, olhando

Veio bela
veio toda
sem dimensões ou precipícios, veio senhora e menina
disposta a contar e ouvir como quem senta na soleira da porta no fim do dia
fazendo parte de alguma coisa
sendo parte do acontecimento e da poesia de viver
sem nome nem nada

veio sem pressa
sem peso
veio prosa cadenciada e gostosa de se ouvir
veio voz.

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