05 janeiro 2011


"E ela estava ali, parada, olhando, ouvindo, se esforçando para não sentir nada que lhe fosse proibido... ela estava ali, me vendo chorar feito uma criança, conhecendo toda minha solidão, me invadindo conforme eu lhe estendia todas as revoluções que estavam me enlouquecendo. Senti o esforço dela em não me tocar, senti o cheiro da vontade de estar mais perto, a agonia por quebrar todos os procedimentos politicamente corretos e se lançar ao novo. Eu senti sua dor em nossa impossível chance, vi em seus olhos as palavras que mentia para não se entregar, acolhi cada um de seus vagos e falsos conselhos. Lutei para que meu peito explodisse menos e não me entregasse ainda mais, lutei para que me fizesse entender na compreensão de sua sinceridade a negar tudo quanto pudesse entregá-la.
Sei que nossas solidões se reconheceram, nossos olhos se esconderam uns dos outros para podermos seguir adiante, apesar de toda aquela entrega emocionada e silenciosa."

e depois de seus olhos me gritarem essas rodas vivas e rodas gigantes, consentindo meus silêncios e mentiras mal contadas pelo olhar, só me restam as cordas do meu empoeirado violão...

2 comentários:

  1. Poeta, tomei a liberdade de colocar o link para o seu blog na casa da razão mágica

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  2. Li o texto e tentei encontrar uma escola literária que fosse semelhante. Em vão!

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