29 agosto 2011


As horas vão passando
escorrendo, evaporando
e os nossos olhos, cheios de memória e intenção
lacrimejam-se, na esperança de comoverem-se consigo mesmos
e moverem as montanhas que inventamos entre nós

e a Terra a girar e girar
acaba atordoando meus sentimentos e estômago
bagunçando minhas roupas sem par no armário
o sol, que não pára de se por em mim
nada irradia que não me doa
nada aquece que não me faça erupir por dentro

e os meus olhos mergulhados
seus olhos cheios de história devoram
em fotos e fatos, sem ondes ou quandos

diante da lua que passa apressada no céu
meu sangue corre desvairado atrás dos senões e poréns
colecionando versos para sabe-se quem
corre cansado de tantas horas doloridas
corre desesperado para lugar nenhum...

e esse sol que me atinge sem luz
e essa lua intensa e magoada
e essas horas sem corpo ou recheio
com que frequência não aguentaram de tanto prazer?

e os meus dedos trêmulos de silêncio
minha voz calada de poesia
minha alma múltipla de horizontes e solidão
com que frequência experimentou realmente o amor?

Um comentário:

  1. Faz muito tempo que não lia uma poesia com tanta verdade. Como é bom passar por aqui, amiga!

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