18 fevereiro 2009

aguardente

Sim, ele o beijou
Enfim, desbravou-se deliciosamente
Ele, em si, gotejou
Lágrimas de aguardente
Para que pudesse o outro
Também, santo, embriagar
E como nunca, crepitando,
Corpo a dentro fez-se mar



De cabelos pretos lisos
Olhar de pano e perdão
Vai, finalmente livre,
Ser fogueira sem clarão
E na aguardente do choro
Fincou-se o riso do espanto:
O que antes beleza de sonho
Tornou-se, em saliva, canto

E assim, olho a dentro, farol
Assim, noite afora, canção.

*

Nenhum comentário:

Postar um comentário