22 fevereiro 2009

na beleza das horas

Esse tempinho chuvoso, ai! quanta beleza nas horas... o céu cinza, o chão de flores, amores, arco-íris, rumores e antagonias de felicidade. Banhada a cd número quatro e álbum sou/nos, minha inspiração vagueia por entre as veias e trevas do meu corpo, por entre os caleidoscópios e raízes de meus pensamentos, aqui, quase virando momento, quase virando intento, e chorando, caminhando por entre letras, quase invento um nome pra essa minha doce solidão sem vazios...
O dia está todo fecundo a corações que, à vida, não resistem seus ais de encanto ou sofreguidão. Está hoje, este tempo choroso, inerte à frenesi dos corações eufóricos, inerte às comédias de TV, inerte aos risos descontrolados dos loucos. Está inerte ao "yang" do mundo. Se fechou, o tempo, no armário úmido das poesias, das sandálias suadas de peregrinos que buscam o saber, no armário ocre das lembranças doces e das salubridades e remédios do amor, trancou-se em si mesmo sem abrir janelas para aquilo que não lhe traga belezas, sentires, calores, pavores, cantos, prantos de luz...
A garoa dança nas crianças que tiveram coragem de sair da frente do pc, a garoa brica nas bocas que se beijam, nos olhos que pranteiam com ou sem razão, nos corpos que se banham entregues ao ar agridoce desta vida, louca vida. A garoa fina só que dançar, escorregando em nossas almas, desenhando poesia em nossos corpos, perfurando a carapaça de nossa falsa paz e liberdade.
Ai! esse tempo nublado que me ensolara o coração, essas belas horas cinzas que me trazem plenitude na aparente tristeza e nostalgia que me invadem, a vida sempre severina me explodindo, me confeitando, me sendo...
E de todos os pares de asas que tivemos e temos, são os ares da emoção de que me fazem vestir a melhor delas, as asas que ruflam rumo ao tudo e ao nada, rumo ao infinito sem saber ao certo o que ele guarda, rumo ao inesperado, rumo aos versos incompreensíveis da vida...

*

Um comentário:

  1. É uma dádiva mesmo descobrir a beleza das horas. De todas elas...sejam cinzas, coloridas, desbotadas...
    Afinal, o sol sempre vem. Sempre.

    :)

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