
Cometo o pecado, o homicídio, cometo o perdão e a dor de voar. Permito-me a inundada angústia do amor proibido e a sutileza do amor concedido. Um cancioneiro que, se não embebedado pelo sôfrego ardor amante não vomita ode qualquer. Uma alma tragada pelo absinto imáculo e fatal da paixão.
"O amor é para tolos", disse-me um dia, "é forca e é faca". Mas não é isso que a lança de uma esperança me tatua nos olhos, tampouco o que o vento duma doce voz me sopra no pescoço! Prefiro repousar naquilo que me disse um velho anjo: "quem cai por amor cai sempre pra cima". O amor é a centelha que no amiúde da vida explode as razões humanas.
E deixa, então, o verão pra mais tarde, deixa vazar água no quintal, deixa o suave veneno contaminar os fantasmas da solidão, deixa surgir no íntimo os hematomas da sedução... deixa o amor comer a paz, a guerra, o sobrenome, a gravata, o medo da morte...Escolhi-me para o olhar alagado de brilho ou saudade! Sou um grito súbito, declarando um amor súbito e contínuo pelo próprio amar. Trancafiei-me no romantismo boêmico da vida e esqueci as chaves, refugiei-me na emoção assumida que belo tudo torna, que denso tudo faz.
A minha é a história de um coração verdadeiro, belo e livre, mas acima de tudo a história de um coração amante.
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