sinto como lâmina ardida
rasgando velha ferida minha
os teus olhos distantes dos meus
e feito ância
o meu anseio por ti se refaz
e feito um manancial
os meus lábios sobre o teu retrato
é pecado e furor
um bem-querer sem par
sem mais, sem paz
o mal-me-quer que sobrou na flor
memórias raras
dum sabor que não provei
cor a qual não me dei, só senti
sofri, doí, sem exatidão
lacunas no teu não
ausências no perdão...
mas tudo o que é vivo voa
e voei eu, voou você
sem direção, sem porquê
e tudo o que é vivo sonha
e um pedaço de mim
será sempre o sonho que ficou
sem asas ou tréguas, sem mágoas...
feito lâmina esta lágrima
uma ilusão solitária e anônima
castelo de pó e luz...
*
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