18 fevereiro 2009

paixão nossa de cada dia

Trazer para dentro de mim, um dia, toda a beleza que me fazes supor... ouvir então acalantos de uma nota só, para que num só ai de viola possamos nos embalar, num só gole de música nos embriagar....
Conceber a mais genial figura da alegria, cifrar tua voz doce para violão de doze cordas, correndo pela rua sem rumo, sem lua, sem bolsa tira-colo, só pra mais depressa te encontrar!
Sem corpo, sem frase, sem fumo de corda... Sem culpa no cartório ou no céu! Apenas a pedra voando solta pra longe do estilingue... Apenas as inexplicações do mundo contrastando a blusa manchada de amora no varal.
Feias fumaças que sobem apagando as estrelas.
Lindas meninas dos olhos... ai, negritude infinda, mar turvo, oblíquo e esplêndido! Os meus nos teus olhos, abertos, num beijo... numa canção de jorge ben, que bem colados nos faça um só balanço... um só delírio sem pátria e sem coração de carne!
Batucada de monobloco até que a urtica se esgote, até que o suor escorra, até que o sorvete de damasco derreta! Violino até que se componha a sutileza do carinho sem par...
Meu caminho pintado de amarelo, de tanta flor dabruçada no chão... minha parede em branco decomposto em arco-íris! Minhas mãos sujas de alecrim...
E és tão raro, tão denso, tão maravilhosamente louco! E és a roseira sidérea, o despertar de pedregulho precioso, a razão do salto no pé, do salto no abismo, e do sorriso desenhado na vida!
Famigerada! Ai, paixão nossa de cada dia!

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