21 fevereiro 2009

varanda virada pra dentro

A saudade, a nostalgia, sempre tão repletas de beleza e crueldade... hoje passei a tarde ouvindo alguns de meus vinis. Sim, no tempo do mp4, blu-ray, iphone, eu ainda ouço, orgulhosamente, vinil na minha velha vitrola! Cuido da minha coleção de Raul como quem guarda um diamante, com algumas moedas tolas comprei um dia o primeiro LP dos secos e molhados, e quão precisos me são hoje...
No doce chiado dos discos, me embalei viajando por tãos bons e incríveis momentos que já vivi... triste, por não poder reiviver muitos deles, feliz por tê-los em minha alma, em minha história. Tantas pessoas passaram por mim, deixaram um pouco de si, e se foram para não mais partilhar momentos. Tantas músicas cantadas alto na rua, em par ou em muitos, tantos violões desafinaram de tanto cantar e sorrir em roda... Tantos olhares proibidos de colegial despreocupado, tantos segredos invioláveis com a melhor amiga que não vejo mais, tantas aventuras pelas praças e feiras e shows e ruas e céus... Tantos sonhos sem limites eu sonhei... tantos amores eternos jurei... e, quem diria, este até consagrei!
Saudade do primeiro beijo nesta ultima boca, das conversas ainda desajeitadas, dos sorrisos misteriosos, do passo a passo da paixão, caminhada lenta e deliciosa... saudade da rede que nosso amor embalou e fincou no céu feito uma estrela nascida já antiga de paz e luz...
Bons tempos em que eram vívidos e inéditos os meus poemas, hoje tão cansados... tantas vidas ensolarada, floridas, inchadas de alegria e prazer vivi e vivo!
O tempo nos transforma, e tanto corre que, às vezes, de tanto sentir saudades, nos esquecemos de viver as vidas que nos nascem a cada minuto; de tanto preditar o futuro, não enxergamos as belezas e abismos ao redor...

*

Um comentário:

  1. Mas é bom chegar até aqui e ver que tudo, tudo valeu a pena. Não passamos em branco pela vida, e a vida não nos passa em branco. E ainda que tudo isso seja nostalgia, tem maior sintoma de vida?

    :)

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