Alaúde
dança, mulher dos ares,
às minhas odes
mares moves tão solares.
dança, mulher das fases,
que assim me fazes
silentes horas compor tão foz.
dança, mulher-bolero,
meu samba, meu mangue,
faz sangue no alaúde
amiúde dançarina
amiúde dança, balança,
faz trança nas cordas minhas,
mulher dos bares...
que eu calo meu gesto
para os ares, a correr,
eu ouvi-la remexer.
*
ai, suburbano coração
clarice e francisco se amando
ametistas
amiantos
acalantos sem noites vãs...
palheiros
palhoças
palhaços sem canção
suburbano coração!
o amor
num porão
o pavor
na paixão
furor
fulgor
facão
suburbano coração.
*
::Passeias amorenada por meus olhos já atentos, passas de leve em meu sonhos, passos lentos... Clareias tão silente os meus noturnos e ardentes devaneios, em si carregas as dores e flores do mundo, imundo, esbaldo-me em tuas canções retalhadas de amores! Passeias cansada de injustiçados pecados, nos olhos sorrisos inatos, fisgados por versos meus... Vagueias sem paz, sem perdão, tão leve que levas contigo a paixão, o vulcão que tanto guardei, escondi, desdenhei. Em si condenas as cores, os ares da vida... esculpida em meus versos te canto, me encanto, me causo ferida.::
" oh meu amor, para sempre, nunca me conceda descansar " (chico buarque)
*
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