21 fevereiro 2009

on/off

Estudando uma matéria-monstro chamada probabilidade, com a teoria da relatividade pra entender, com um quadro pela metade, com uma camiseta pra desenhar, com a experiência de estágio pra relatar, com a lista de exercícios pra peparar, com a macarronada por fazer, com o filme pra assistir no fim de semana, com um show pra acontecer, com a gaita esperando por ser, com o futuro pra pensar, com a ideologia por rever, com a felicidade pra buscar e viver, com a receita nova por copiar, com a programação teatral por consultar, com o vinho com os amigos por programar, com o pecado pra esquecer, com o sangue circulando por doar, com a técnica de aquarela por aprender, com a yoga esperando pra começar, são tantas e tantas coisas... são tantos e tantos egos pra satisfazer... uma guerra eternamente travada entre a racionalidade e a vontade, um botão on/off de consciência que não aquieta.
É leste, é próton, é magenta, é bend, é grafite 6B, é táquion, é nanometro, é decassílabo, é degradê, é signo, é libra, é dólar, é tesla, é raio gama, é pincel chanfrado, é piaget, é RGB, é SI, é LDB... é tanta variável... o que é o ser, o saber, afinal?
Tão feliz, apesar dos tantos e tantas... apesar dos quantos, dos quandos, dos quases, dos ondes! Um revigorar estranho ao final de um dia difícil, um sorriso sem propósito ante uma pessoa que nunca vi, uma esperança que nasce tão verde em um peito que parecia tão estéril e fadado aos vãos da alegria da vida. Com a garganta cheia de grito, com a alma cheia de canções pra relembrar ou conhecer, com os braços cheio de abraços, com a mente farta de idéias e sonhos e lembranças e planos e amores e paixões e satifação! Acendendo velas e deixando de mal-dizer escuridões!
E na aflição de não sobrar um tempinho pros prazeres de estar viva, encontro a motivação que me faltava no despertar. Na insônia quando menos se pode, um prato cheio pra se ler gabriel garcia marquez, já esperando pelo novo do neruda. No rush da glicério às 6 da tarde, a nostalgia de um raulzito cantado deliciosamente. No respiro entre uma aula e outra, um pensamento carinhoso numa amiga distante, um telefonema apaixonado, uma cortesia despercebida...
É muito melhor não conseguir fazer tudo, não ticar cada item proposto na agendinha de bolsa, do que não ter nada pra fazer! Do que simplesmente "parar na pista" e não ver que o mundo é tão gigante e diverso! É bom não saber calcular a variância, porque sei que é possível entendê-la e ainda que estou engatinhando na vida e no saber...
A vida é muito mais que isso. É muito mais que o olhar arrogante de uma adolescente que acha que sabe tudo só porque é primeira da sala. Muito mais que a plenituda de um verso de Gibran. A vida é muito mais que o amor carnal depois do cálice de vinho. É mais que a pedra no caminho. É mais que o recadinho no orkut ou o mau humor no msn. A vida é mais que a mão ressecada ou o politicamente correto. A vida é tão mais do que podemos supor... É mais que o dia triste ou que o domingo de dia das mães. É mais do que a memória pode tentar segurar. É mais do que o coração pode tentar sonhar. A vida supera a contrução do dia-a-dia. E surpreende aqueles que a tentam entender e expandir...

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Um comentário:

  1. É tanta febre de viver que transborda nosso eu, né?!
    É assim seguimos amiga, "engatinhando na vida e no saber..."

    Roda mundo, roda gigante!


    *Ai que delícia esse aprofundamento no seu blog. Está lindo demais!

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