18 fevereiro 2009

ao que não cabe

Quando foi que eu disse que o amor caberia num poema? quando foi que me propus a descrever um coração apaixonado? quando foi que eu me permiti a lucidez ante o amor?
Numa caixinha empoeirada, nossas cartas antigas serão relidas, nossas fotos já com a borda amarelada serão revividas, num baú, todos os sonhos realizados, abandonados, substituídos...
...talvez a pulseira de coco já não esteja em meu braço, talvez seu brinco de argola já não seja o mesmo, meu cabelo não mais tão longo, os teus, não mais tão negros... festinha de páscoa na pré-escolabagunça no parque da mônicagrito-riso-choro-pipoca-chocolate-balão-acalanto-parque-medo-sonho-brinquedo-manha-bóia-perna de pau... nossa fagulha virando fogueiranossa gotinha virando oceano...
Quem foi que disse que é possível falar de amor? quem foi que ousou pensar ser a paixão algo mensurável? que foi que pensou, ai o amor, em rimá-lo?
Nossas viagens abraçando de heavymetal à cordel... de mpb à supernova! nossas vidas sem paredes, nossos dias sem ausências, nossas horas ainda mais intensas e absolutas nesse amor sem descrição, sem explicação, sem tradução!

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